Entre os dias 5 e 7 de setembro, a Letônia foi palco de uma celebração emblemática: os 50 anos da ordenação de mulheres no país e os 30 anos da Associação de Teólogas Letãs. A cerimônia, marcada por memória e resistência, contou com a presença da professora doutora Marcia Blasi, da Faculdades EST, que atua também como executiva do Programa de Justiça de Gênero e Empoderamento de Mulheres da Federação Luterana Mundial (FLM).
O evento teve início com a conferência “Chamadas e descobertas: mulheres, igrejas, sociedade”, que discutiu a trajetória das mulheres no ministério ordenado e os contextos políticos e religiosos que resultaram em retrocessos na Letônia. Desde 1993, após a eleição do arcebispo Janis Vanags, a Igreja Evangélica Luterana local deixou de ordenar mulheres. Em 2016, a instituição oficializou a exclusão, declarando a ordenação exclusiva para homens e afastando pastoras dos cargos que ocupavam.
Apesar da decisão institucional, a Igreja Evangélica Luterana Letã Mundial passou a acolher essas mulheres, reafirmando o compromisso com um ministério inclusivo. O evento incluiu ainda a exibição do documentário “A hora mais escura é antes do amanhecer”, que resgata as histórias de mulheres que desafiaram o patriarcado religioso no país.
O ponto alto ocorreu no domingo, quando a celebração comunitária reuniu uma igreja lotada. Na ocasião, mulheres conduziram a liturgia, pregaram, celebraram e distribuíram a Santa Ceia, em um gesto simbólico de resistência e esperança.
Em sua saudação, Marcia destacou: “Hoje lembramos as mulheres que persistiram na fé, que se recusaram a ser silenciadas e que levaram as boas novas da justiça e amor de Deus às comunidades. Também reafirmamos nosso compromisso de enfrentar todas as formas de injustiça de gênero, o patriarcado e o sexismo na igreja e na sociedade.”
O culto e parte da programação estão disponíveis no YouTube.