Apresentação ocorreu durante Congresso Internacional na Paraíba, na última sexta-feira
Na última sexta-feira (26), o professor doutor da Faculdades EST, Júlio Cézar Adam, foi um dos destaques do X Congresso Internacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião (ANPTECRE), realizado em João Pessoa (PB), entre os dias 23 e 26 de setembro.
Em sua conferência, intitulada “O sertão vai virar mar: a religião vivida no contexto brasileiro contemporâneo vista a partir do cinema”, Adam apresentou uma análise inovadora sobre como o cinema brasileiro espelha as múltiplas expressões religiosas e culturais do país, em diálogo com o conceito de religião vivida.
“Meu lugar de fala é a Teologia Prática, especialmente nas áreas do culto e da homilética. Mas sempre me interessaram as margens, as manifestações que escapam do centro. Por isso, optei por olhar a religião vivida a partir do cinema brasileiro, que muitas vezes nos desnuda e nos mostra em nossa crueza cultural”, destacou.
O conceito de religião vivida, desloca o foco exclusivo das instituições religiosas para o cotidiano das pessoas. “Trata-se da expressão concreta, situada e muitas vezes discreta da espiritualidade. Ela se revela nos gestos, narrativas, práticas culturais e buscas por sentido, seja em uma promessa cumprida, em uma corrente de oração ou até na devoção ao futebol e às escolas de samba”.
Ao aplicar essa perspectiva ao cinema, o professor da Faculdades EST destacou a força simbólica de diretores como Glauber Rocha e Walter Salles, que exploraram, em diferentes épocas, o sertão e o mar como metáforas da identidade e da utopia brasileira. “O sertão representa a dureza, a contradição e o misticismo; o mar, por sua vez, é horizonte de fuga e de esperança. Nessas metáforas, vemos não apenas a crítica ou a ausência da religião institucional, mas também a religiosidade vivida em busca de sentido, transformação e transcendência”, analisou.
Adam lembrou ainda que a relação entre cinema e religião não se limita aos filmes de temática explicitamente religiosa, como O Pagador de Promessas ou O Auto da Compadecida. “Mesmo produções onde aparentemente não há nenhuma referência ao religioso, como Central do Brasil ou Bacurau, podem revelar dimensões de espiritualidade e transcendência quando olhadas pelo prisma da religião vivida”, disse. De acordo com ele, o cinema é uma máquina de sentido. “Ao mesmo tempo que ele reflete, cria experiências que podem ser interpretadas como práticas de espiritualidade contemporânea. Olhar para a religião vivida através da lente do cinema é ampliar nossa compreensão do sagrado na vida cotidiana”, concluiu.
Presença no evento
Também estiveram, presencialmente, do evento o coordenador do Programa de Pós-graduação em Teologia da Faculdades EST, professor doutor Wilhelm Wachholz; o coordenador do Mestrado Profissional, professor doutor Nilton Eliseu Herbes; a coordenadora da Licenciatura em Ciências da Religião, professora doutora Carolina Bezerra de Souza; além dos professores doutores Marcelo Ramos Saldanha e Rubem Marcelino e da professora doutora Laude Erandi Brandenburg. O discente da instituição, José Goulart, apresentou comunicação.