Congresso do Bicentenário - São Leopoldo: onde o passado, presente e o futuro se encontram

Início

Segunda-feira, 25 de março de 2024

Término

Quarta-Feira , 27 de março de 2024

Localização

Faculdades EST

Destaques do Congresso

Palestra  professor Dr. Miguel Nicolelis

A palestra irá ocorrer no dia 26 de março, às 10 horas, na sede da Sociedade Orpheu (Rua Brasil, 506, Centro, São Leopoldo, RS)

Atenção: A atividade requer inscrição prévia e com vagas limitadas, garanta sua vaga.

Sobre o Palestrante

Miguel Nicolelis é médico e neurocientista, graduado pela Universidade de São Paulo, com doutorado em Fisiologia Geral também pela USP, e pós-doutorado em Fisiologia e Biofísica pela Hahnemann University (EUA). Em julho de 2021 recebeu o título de Professor Emérito da Duke University (EUA), após ter lecionado nesta universidade de 1994 a 2021, como Professor Titular do Departamento de Neurobiologia. Fundou e dirigiu o Centro de Neuroengenharia da Duke University por 20 anos.

 É pioneiro no estudo sobre a interação cérebro-máquina e lidera pesquisas que desenvolvem esta tecnologia, além de sua aplicação no restabelecimento de movimentos em pessoas acometidas por paralisias e doença de Parkinson. Fundou e dirige o Projeto Andar de Novo (Walk Again Project).

Membro das Academias de Ciência da França e do Brasil. Em 2004, foi apontado pela Revista Scientific American como um dos 20 maiores cientistas da atualidade. Em 2015 a revista americana Foreign Policy elegeu Nicolelis como um dos 100 pensadores de maior influência no mundo. Em 2020 coordenou o Comitê Científico de Combate ao Coronavírus da região Nordeste do Brasil.

Autor dos livros: “Muito além do nosso eu: a nova neurociência que une cérebros e máquinas – e como ela pode mudar nossas vidas”; “Made in Macaíba – a história da criação de uma utopia científico-social no ex-império dos Tapuias”; “O Cérebro Relativístico – como ele funciona e por que ele não pode ser simulado por uma máquina de Turing”; e “O verdadeiro criador de tudo – como o cérebro humano esculpiu o universo que nós conhecemos”.

Programação Completa

Segunda-feira, 25 de março de 2024

Manhã – Atividades no campus da Faculdades EST

8h – 9h: Credenciamento

9h – 10h: Abertura

10h – 12h: Mesa Redonda 1
Eixo Temático: História, Política e Governança
1 – Rodrigo Luis dos Santos – A política em São Leopoldo na Era Vargas: as atuações de Theodomiro Porto da Fonseca e Carlos de Souza Moraes
2 – René Ernani Gertz – “Algumas considerações sobre São Leopoldo republicano”
3 – Everson Gardel de Mello – Política municipal de enfrentamento às mudanças climáticas – perspectivas e desafios
Moderação: Prof. Ms. Osmar Witt

Tarde – Atividades no campus da Faculdades EST

14h – 15h30: Mesa Redonda 2
Eixo Temático: Economia E Produção Mais Limpa
1 – Doris Rejane Fernandes – “A colonização estrangeira no sul do Brasil: projeto político, econômico e militar da Colônia de São Leopoldo”
2 – Arthur Blasio Rambo – “Associação Riograndense de Agricultores”
3 – Natasha Javiel Comassetto – “Hortas comunitárias”
Moderação: Prof. Dr. Valério Schaper

16h – 17h30: Mesa Redonda 3
Cultura e Arte
1 – Vania Inês Avila Priamo – “Quadros que falam, narrativas migratórias: a imigração a partir do olhar do artista plástico Flávio Scholles”
2 – Dalva Neraci Reinheimer – “Quadros que falam, narrativas migratórias: a imigração a partir do olhar do artista plástico Flávio Scholles”
Moderação: Prof. Dr. Louis Marcelo Illenseer

18h: Lançamento de livros

18h30: Atividades culturais
18h30 – Show Viktor V (voz e violão)
19h15 – Show Jo Melia

Terça-feira, 26 de março de 2024

Manhã – Atividade na Sede da Sociedade Orpheu

10h-11h: Palestra Prof Dr. Miguel Nicolelis

Atenção! O evento será na Sede da Sociedade Orpheu (clique aqui para ver no mapa) e necessita inscrição prévia

Inscreva-se

Tarde – Atividades no campus da Faculdades EST

14h30:  Palestra Stephan Treuke – “A revitalização do sistema fluvial Emscher e Seus Impulsos para a transformação ecológica e socioeconômica da região”

15h30: Palestra Uta Karrer – “Museu da Francônia em Feuchtwangen: Preservação e comunicação do patrimônio cultural”

16h30: Palestra Klaus Lauck – “O que nos conecta em ambos os lados do oceano”

18h30: Atividades Culturais
Show Quiroga e Americanto

Quarta-feira, 27 de março de 2024

Manhã – Atividades no campus da Faculdades EST

8h30 – 10h: Mesa Redonda 4
Eixo Temático Meio Ambiente
1 – Rosane Márcia Neumann – “Terras, colonização e conflitos sociais”
2 – Arno Kayser – “Contribuição dos descendentes alemães na evolução da consciência ecológica no Brasil”
3 – Márcio Linck – “Ocupação urbana e Gestão Ambiental em São Leopoldo”
4 – Joel Garcia Dias – “A experiência leopoldense dos `Parques sócio-mbientais”
Moderação: Profa. Dra. Marli Brum

10h – 12h: Mesa Redonda 5
Desafios da Governança Local Frente À Inundação e a Escassez Hídrica
1 – Viviane Feijó – “Cidades esponjas”
2 – César Marques– “Sistema de monitoramento de áreas protegidas”
Moderação: Promotor de Justiça Dr. Ricardo Schinedstsck Rodrigues

Tarde – Atividades no campus da Faculdades EST

14h – 15h30: Mesa Redonda 6
Eixo Temático Educação
1 – Jorge Luiz da Cunha – “A história da imigração e seu papel nas Praxis da Educação nas comunidades no sul do Brasil independente”
2 – Isabel Cristina Arendt – “Os primórdios da educação em São Leopoldo: escolas e produção de material didático”
3 – Cristina Seibert Schneider – “A educação patrimonial na ressignificação do valor simbólico: a ciência da mente e a memória”
Moderação: Profa. Dra. Carolina Bezerra de Souza

16h – 17h30: Mesa Redonda 7
Eixo Temático Religião
1 – Wilhelm Wachholz – “Luteranismo: histórias de uma identidade religiosa minoritária”
2 – Ricardo Willy Rieth – “Memórias coletivas e contemporaneidade: considerações a propósito do Bicentenário da Imigração (1824-2024)”
Moderação: Prof. Dr. Oneide Bobsin

Comissões

Prefeitura Municipal de São Leopoldo
Marcel Frison – Coordenador do Bicentenário e Secretário Municipal de Cultura e Relações Internacionais de São Leopoldo/RS
Anderson Etter – Secretário Municipal do Meio Ambiente de São Leopoldo/RS
Everson Gardel de Mello
Jari da Rocha
Lionella Pedroso Goulart
Luciana Russoni
Márcio Linck
Valentin Melo de Thomaz

Faculdades EST
Prof. Dr. Valério Guilherme Schaper – Diretor-geral da Faculdades EST
Prof. Dr. Wilhelm Wachholz
Profa. Dra. Simone Imperatore
Me. Dezir Garcia
Dilceu Locir Witzke

Profa. Dra. Carolina Bezerra de Souza
Profa. Dra. Dalva Neraci Reinheimer
Prof. Dr. Louis Marcelo Illenseer
Profa. Dra. Marli Brum
Prof. Dr. Oneide Bobsin
Prof. Ms. Osmar Witt
Profa. Dra. Vania Inês Avila Priamo
Prof. Dr. Valério Schape
Promotor de Justiça Dr. Ricardo Schinedstsck Rodrigues
Prof. Dr. Rodrigo Luis dos Santos
Prof. Dr. Wilhelm Wachholz

Rodrigo Luis dos Santos
Dalva Neraci Reinheimer
Vania Inês Avila Priamo

Atividades Primeiro dia (25/03/2024)

Abertura do Congresso do Bicentenário - São Leopoldo: onde o passado, presente e o futuro se encontram

Diferentes culturas em São Leopoldo colaboram com plano de estar entre as quatro maiores economias do Estado até 2030

Em abertura do “Congresso do Bicentenário: onde o passado, presente e o futuro se encontram”, autoridades associaram as possibilidades futuras de desenvolvimento à riqueza histórica e cultural da população que vive na cidade.

Sotaques de diferentes partes do país, múltiplos idiomas e o som do piano de cauda compuseram o contexto da abertura do Congresso do Bicentenário de São Leopoldo: Onde o Passado, Presente e o Futuro se Encontram. Sediado em uma das cidades mais antigas do Rio Grande do Sul, o evento multidisciplinar reafirma a história e traça perspectivas futuras baseado em inovações que vêm de movimentos migratórios. Na abertura do Congresso, autoridades associaram as possibilidades futuras de desenvolvimento de São Leopoldo à riqueza histórica e cultural da população que vive na cidade.

“Nós queremos ser a quarta economia do Estado até 2030. Então veja, é todo um processo cultural, histórico, educacional, mas também que integre a população que reside aqui hoje, já que são centenas de nacionalidades presentes aqui. Hoje nós estamos recebendo prêmios nacionais pela forma como nós estamos tratando os migrantes aqui, com cuidado, com busca de apoio cultural, histórico, saúde”, afirma o prefeito de São Leopoldo Ary Vanazzi, ao dizer que a cidade repete a sua história e está sempre pensando mais longe.

“Recebemos imigrantes alemães em 1824, mas antes disso já havia aqui pessoas de outras nacionalidades. E até hoje continuamos recebendo, a partir de universidades, por exemplo, e é isso que a caracteriza como uma cidade acolhedora. É evidente que esse momento histórico de 200 anos faz uma diferença enorme, mas o que nós queremos construir é uma relação cultural e histórica com todos os povos que estão aqui hoje, que haja uma relação fraterna. Que aqueles que vieram depois possam conhecer a história e conhecer o seu papel na cidade”, explicou Vanazzi, ao mencionar importância dos intercâmbios culturais, sociais e tecnológicos para cuidar do patrimônio, discutir obras e investimentos determinantes para os próximos anos.

A programação do evento é composta por palestras, mesas redondas, apresentações de pesquisa relacionados à história, cultura e desenvolvimento socioeconômico, com demonstrações de como as experiências vindas de outras partes do mundo, e de outros momentos históricos, podem inspirar iniciativas locais.

Também estiveram na abertura do evento outras autoridades políticas e acadêmicas, como o professor e historiador Martin Dreher, representante da comissão histórica do bicentenário, que evidenciou que as trocas culturais são fundantes na região.

“Os imigrantes que vieram em 1824 eram miseráveis: trabalhadores de carpintaria, agricultores. Pela primeira vez vamos ter agricultura de pequenos produtores em um país de latifúndios. Pela primeira vez temos pessoas brancas trabalhando a terra com as próprias mãos – antes quem fazia isso eram afrodescendentes escravizados, e por isso houve solidariedade entre eles. Foi com eles que os imigrantes alemães aprenderam a construir as primeiras choupanas de pau-a-pique. Que seja um seminário em que nossa história possa ser recuperada lembrando os miseráveis que aqui criaram as bases da industrialização do Brasil”, afirmou o pesquisador.

“O Monumento da Imigração em São Leopoldo tem que ser mudado”

Com mais de 50 livros publicados, Dreher ainda relembrou as condições enfrentadas por aqueles que cruzaram oceanos, expulsos da Europa Central. “São esses miseráveis que vem para o Brasil, em cascas de noz: veleiros de 30 metros de comprimento dos 5 metros de largura, em uma viagem de uns 130 dias. Uma viagem com mulheres dando à luz, perdendo os seus bebês, jogando os seus maridos no mar. O Monumento da Imigração em São Leopoldo tem que ser mudado. Lá está escrito ‘Den Vätern zum Gedächtnis’, deveria estar escrito ‘Usere Mütter zum Gedächtnis’. Não só em memória de nossos pais, mas em memória de nossas mães”, defendeu.

Mesas Redondas

Atividades Segundo dia (26/03/2024)

Congresso em São Leopoldo revela que solidariedade entre diferentes realidades sociais e culturais potencializa crescimento de regiões

Pesquisadores apresentaram realidades das regiões dos vales do Sinos e Caí, além de experiências que transcendem fronteiras geográficas no Congresso do Bicentenário: onde o passado, presente e o futuro se encontram

Há mais de cem anos já eram formalizadas parcerias que conectavam diferentes realidades sociais e culturais nos vales do Sinos e Caí. É o que afirmam pesquisadores referência em história, cultura e desenvolvimento socioeconômico no Congresso do Bicentenário de São Leopoldo: Onde o Passado, Presente e o Futuro se Encontram, que veem na comemoração da imigração alemã “a oportunidade de reparar as narrativas sobre migrações que envolvem a região”, segundo Prof. Dr. Valério Schaper, diretor-geral da Faculdades EST.

Um dos destaques do segundo dia de programação, na terça-feira, dia 26, foi a palestra intitulada “O que nos conecta em ambos os lados do oceano”, do sociólogo Klaus Lauck, que deu destaque às conexões culturais e sociais que transcendem fronteiras geográficas. Depois de visitar o sul do Brasil a convite de um amigo, em 1990, para buscar pessoas com sobrenome igual ao seu, veio a ideia das ações de cooperação com a Alemanha. Lauck tem contribuído desde 2003 para parcerias entre cidades brasileiras e alemãs como São Vendelino e Sankt Wendel, Feliz e Nohfelden, e Alto Feliz e Tholey.

“Senti que eu poderia fazer mais do que apenas procurar pelo meu sobrenome. Então agora já são 21 anos de muitos projetos desde então: houve intercâmbio de jovens que foram para a Alemanha por um ano, e em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, nós tivemos um projeto por dez anos, onde nós ajudamos meninas em situação de rua”, explica o pesquisador, que em 2008 foi citado como cidadão emérito de São Vendelino, no Vale do Caí. “O fundamento de tudo é a genealogia. O que nos conecta em primeiro lugar? E como isso pode continuar? E essa é a cultura, essa é a língua, e esse é o interesse de continuar se desenvolvendo”, finaliza.

Na terça-feira, também realizaram palestras no evento outros dois doutores alemães, Stephan Treuke e Uta Karrer. O evento terá seu último dia de programação nesta quarta-feira, 27 de março.

O Congresso com inscrições gratuitas é promovido pela Prefeitura de São Leopoldo, por intermédio da Secretaria de Cultura e Relações Internacionais (Secult), e da Faculdades EST.

A proposta interétnica e interconfessional que resolveu problemas usando a solidariedade

Outro destaque relevante da programação foi a presença do pós-doutor em antropologia rural, pela Université Paris-Descartes, Arthur Blasio Rambo, que dividiu com a plateia 20 minutos de sua experiencia de mais 70 anos de estudos sobre história, filosofia, antropologia, teologia. Intitulada “Associação Riograndense de Agricultores”, ele apresentou a história da criação de uma proposta interétnica e interconfessional, que há mais de cem anos uniu católicos, protestantes, imigrantes alemães, italianos e poloneses, além de brasileiros.

“Foi um meio para enfrentar solidariamente os desafios que estavam se apresentando diante deles. Assim surgiu este movimento solidário – tinha objetivo de socializar a mente dos proprietários e não a propriedade. Sobre essa base foi criada a Associação Riograndense de Agricultura, que serviu entre 1900 até 1909, esse foi o período áureo da Associação Riograndense de Agricultura”, explicou.

Segundo ele, “neste grande contexto, a serviço de um grande projeto de desenvolvimento”, foram desencadeadas diversas iniciativas, como o desenvolvimento de escolas comunitárias de educação básica, ocupação de novas fronteiras de colonização e o financiamento para bancar a diversificação da agricultura – o que deu origem, logo depois, às cooperativas de crédito.

“Era independente de governo, era autoadministrada. Havia uma convivência muito pacífica entre governo e associação. Quando em 1909 a associação foi transformada em sindicato, a partir do envolvimento de associados mais urbana do que agrícola, as etnias e as crenças, que até então estavam juntas, acabaram abrindo mão da organização, pois não fazia sentido para eles”, resume.

O pesquisador, nascido em Montenegro, tem 7 obras de autoria exclusiva publicadas, além de assinar dezenas de traduções e organizações de livros, e centenas de artigos, capítulos, prefácios e reflexões sobre o tema.

Palestras

Atividades Terceiro dia (27/03/2024)

Mesas Redondas turno da manhã

Movimentos de proteção ambiental no Brasil tiveram início com imigrantes e descendentes de alemães

Congresso do Bicentenário: onde o passado, presente e o futuro se encontram reuniu pesquisadores e pesquisadoras de referência em história, cultura e desenvolvimento socioeconômico

As trocas culturais e de tecnologias entre imigrantes são práticas antigas no Sul do Brasil. Vindo da Alemanha e tendo se estabelecido em Blumenau, o naturalista Fritz Müller, por exemplo, contribuiu de forma fundamental para uma das obras que mudou a ciência do planeta: “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin. Do Rio Grande do Sul, os maiores precursores de movimentos de proteção ambiental eram descendentes de imigrantes, como o padre Balduíno Rambo, Henrique Luís Roessler e José Lutzenberger.

A relação entre processo de formação da consciência ecológica brasileira e o bicentenário da imigração alemã em São Leopoldo foi destaque nesta quarta-feira, dia 27, na palestra do agrônomo, ecologista e escritor Arno Kayser, durante o Congresso do Bicentenário de São Leopoldo: Onde o Passado, Presente e o Futuro se Encontram.

“Natural de Tupandi, o padre Balduíno Rambo foi também escritor, botânico, geógrafo. Ele foi quem sugeriu as ideias de criação das primeiras unidades de conservação. E uma das principais contribuições dele é a autoria desse livro chamado Fisionomia do Rio Grande Sul, de 1942, em que ele descreve a paisagem do Rio Grande Sul com uma qualidade, tanto literária quanto científica impressionante”, destacou Kayser sobre o religioso filho de imigrantes, que foi fundamental para naturalistas que vieram depois, como José Lutzenberger. Formado agrônomo, ele deixou o emprego em 1970, em uma multinacional química alemã, onde trabalhava com adubos, para se dedicar ao ambientalismo.

“Lutzenberger se juntou com alguns amigos, que eram também formados ambientalistas por Henrique Luís Roessler, ele criou a Agapan, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, onde atuou até 2002, quando faleceu. Ele é uma pessoa que é uma referência mundial na luta em defesa da Amazônia. Ele também atou muito na questão da agricultura, que ele chamava de ‘regenerativa’, na questão de resíduos e indústria, e foi um dos autores intelectuais da lei dos agrotóxicos”, explicou Kayser. Lutzenberger consolidou sua liderança neste movimento ao publicar o livro “Manifesto Ecológico Brasileiro: O Fim do Futuro?”, em 1976.

O evento, que teve três dias de programação gratuita, foi promovido pela Prefeitura de São Leopoldo, por intermédio da Secretaria de Cultura e Relações Internacionais (Secult), e da Faculdades EST.

Para diretor-geral da Faculdades EST, “planejar o futuro é um sinônimo de pensar questões ambientais”

Embora com mais de cem anos de trajetória no ensino, antes mesmo de uma formalização de instituição, a Faculdades EST caminha para a celebração de seus 80 anos em 2026. Para o diretor-geral da instituição, Prof. Dr. Valério Schaper, os temas tratados no congresso convergem para esta data marcante da EST. “Trabalhar 200 anos passados de história e prospectivamente pensar 200 anos no futuro, considerando especialmente a questão ambiental porque ela é, sem dúvida nenhuma, uma das chaves para o futuro. Como nós vamos lidar com a questão ambiental é determinante para o tipo de vida que nós teremos no futuro. Acho que isso foi um acerto muito grande nas relações entre estes temas no Congresso Bicentenário”, celebra.

Marcada por intensas trocas culturais por receber estudantes de todas as partes do Brasil e intercambistas de outros países, a Faculdades EST acompanhou as mudanças em coerência com atualizações de linguagens, acessibilidades, temáticas, além de questões ambientais – como as usinas de geração de energia fotovoltaicas instaladas no campus.

“Provavelmente boa parte da explicação dessa longevidade é uma certa fidelidade a um conjunto de princípios e valores que as instituições têm. A escola, ao longo desse tempo, tem conseguido manter uma certa solidez naquilo que talvez seja o núcleo duro da sua história, ou seja, um respeito por aquilo que é transmitido, um respeito pelas pessoas. Mas eu diria que agora também a gente acrescenta uma preocupação muito grande por inovação: como nós vamos continuar sendo nos próximos anos?”, resume o diretor-geral, ao lembrar que este questionamento também esteve presente nas temáticas do Congresso. “As pessoas gostam muito de ter estudado aqui e guardam isso com carinho. Eu acho que isso talvez é o maior patrimônio dessas instituições e a nossa aqui também partilha isso”, finaliza.

Para a celebração dos 80 anos, a Faculdades EST prepara o lançamento de novos cursos presenciais e à distância, além de uma nova marca que será lançada em 2026.

Sediado no campus da Faculdades EST, o congresso multidisciplinar abordou diferentes temas relacionados à história, cultura, desenvolvimento socioeconômico e perspectivas futuras de São Leopoldo. Com palestras, mesas redondas, apresentações de pesquisa e eventos culturais, a programação contou com professores, gestores e pesquisadores de diversas áreas.

Mesas Redondas turno da tarde