Egresso do doutorado da Faculdades EST recebe honraria da Câmara Brasileira de Cultura

A trajetória de um menino ribeirinho nascido na Ilha de Marajó, no Pará, que se tornou referência nacional em pesquisa e educação na Amazônia, ganha um novo capítulo de reconhecimento. O doutor em Teologia pela Faculdades EST, Elivaldo Serrão Custódio, foi indicado pela Câmara Brasileira de Cultura e Academia de Ciências e Artes para receber a honraria Cruz do Mérito da Educação, Grau Comendador, distinção que será entregue durante o Top Brasil Academy 2025, no dia 8 de novembro, em Macapá (AP).

Atualmente professor adjunto da Universidade do Estado do Amapá (UEAP), Elivaldo é pós-doutor em Educação pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), mestre em Direito Ambiental e Políticas Públicas e líder do Grupo de Estudos e Pesquisas em Etnomatemática, Cultura e Relações Étnico-Raciais (GEPECRER). Com mais de 18 livros publicados, 90 capítulos e 150 artigos em periódicos nacionais e internacionais, ele é reconhecido por sua atuação na valorização da ciência e da educação amazônica.

Segundo ele, a notícia da homenagem foi recebida com emoção, acompanhada de um forte senso de responsabilidade e compromisso em continuar pesquisando e produzindo conhecimento na Amazônia Amapaense. “O reconhecimento representa a validação de minha trajetória acadêmica, construída ao longo do tempo tanto em colaboração com colegas e parceiros nos grupos de pesquisa, quanto de forma independente. Profissionalmente, reforça meu compromisso com a Educação e com a valorização sociocultural da Amazônia brasileira”.

Custódio também destacou a importância simbólica da honraria para a ciência feita no Norte do país: “Esse reconhecimento evidencia que a produção científica desenvolvida no estado do Amapá tem legitimidade e contribui significativamente para o Brasil. Mais do que isso, revela a necessidade de desconstruir a lógica centro–periferia que historicamente marginalizou a ciência produzida na Amazônia”.

A Faculdades EST, onde o pesquisador realizou seu doutorado entre 2015 e 2017, é parte essencial de sua formação.

“Esta conceituada instituição me ofereceu uma formação crítica, interdisciplinar e humanizada. A excelência acadêmica da EST se traduziu em oportunidades de pesquisa, participação em eventos e produção de conhecimento teológico. Essa experiência consolidou não apenas minha formação, mas também um vínculo afetivo e profissional que permanece até hoje”, afirmou o laureado, que segue colaborando com a instituição como coeditor da Revista Identidade e participante de bancas de Mestrado e Doutorado.

Com o olhar voltado ao futuro, planeja continuar fortalecendo projetos de Educação Escolar Quilombola, Relações Étnico-Raciais e Etnomatemática em Contexto Amazônico.

“Pretendo ampliar parcerias, fortalecer projetos de pesquisa e contribuir para políticas públicas antirracistas e inclusivas, levando a produção científica da Amazônia a instâncias nacionais e internacionais”.

“Ele representa a força da pesquisa teológica e educacional”

O diretor-geral da Faculdades EST, professor doutor Valério Guilherme Schaper, destacou o orgulho institucional com a conquista: “A trajetória do doutor Elivaldo reflete o propósito maior da nossa instituição: formar pessoas comprometidas com a transformação social por meio do conhecimento. Seu reconhecimento nacional como Comendador do Mérito da Educação é motivo de grande alegria para nossa comunidade acadêmica. Ele representa, com excelência, a força da pesquisa teológica e educacional que nasce em diálogo com a vida, a justiça e a dignidade humana.”

Confira a entrevista com o professor doutor Elivaldo Serrão Custódio, na íntegra:

 1.      Um pouco sobre você

Sou Elivaldo Serrão Custódio, ribeirinho, natural da Ilha de Marajó, município de Breves, estado do Pará-Brasil, mas há 20 anos residindo no município de Santana, estado do Amapá, onde desenvolvo minha trajetória acadêmica e profissional.

 2.      Qual sua relação com a Faculdades EST? Quando você estudou conosco?

Sou Doutor em Teologia pela Faculdades EST, onde realizei meus estudos entre os anos de 2015 a 2017, em um processo formativo fundamental para a consolidação de minha trajetória acadêmica e científica. Mesmo após a conclusão do doutorado, continuo mantenho vínculo ativo com a instituição, contribuindo como coeditor da Revista Identidade e participando de bancas avaliadoras de Mestrado e Doutorado em Teologia, tanto no Programa Acadêmico quanto no Profissional, o que reforça meu compromisso contínuo com a comunidade acadêmica desta conceituada IES.

3.      Na sua formação, como indivíduo e pessoa estudante, o que representou para você fazer parte dessa instituição?

Fazer parte da EST foi muito gratificante. Esta conceituada instituição me ofereceu uma formação crítica, interdisciplinar e humanizada. A excelência acadêmica da EST se traduziu em oportunidades de pesquisa, participação em eventos e produção de conhecimento teológico. Essa experiência consolidou não apenas minha formação, mas também um vínculo afetivo e profissional que permanece até hoje.

 4.      Quais foram os principais valores e aprendizados que você levou da sua formação na EST para sua atuação profissional?

Foi o protagonismo que a instituição proporcionou na minha busca pelo conhecimento. A EST estimulou minha autonomia, reflexão crítica e engajamento intelectual, permitindo que eu explorasse ideias com liberdade e responsabilidade. Levo comigo valores essenciais como a pluralidade, o diálogo, o compromisso ético e social, e a interdisciplinaridade entre diferentes áreas do saber. Esses princípios moldaram minha prática profissional, fortalecendo minha capacidade de atuar de forma crítica, reflexiva participativa.

5.      Como foi receber a notícia de que seria homenageado com a Ordem do Mérito da Educação pela Câmara Brasileira de Cultura?

Recebi a notícia com profunda emoção, acompanhada de um forte senso de responsabilidade e compromisso em continuar pesquisando e produzindo conhecimento na Amazônia Amapaense.

 6.      O que essa honraria representa para você, pessoalmente e profissionalmente?

Pessoalmente, representa a validação de minha trajetória acadêmica, construída ao longo do tempo tanto em colaboração com colegas e parceiros nos grupos de pesquisa, quanto de forma independente. Profissionalmente, reforça meu compromisso com a Educação e com a valorização sociocultural da Amazônia brasileira.

7.      Você acredita que esse reconhecimento também é um reflexo da importância da ciência e da pesquisa no estado do Amapá?

Sim. Esse reconhecimento evidencia que a produção científica desenvolvida no estado do Amapá tem legitimidade e contribui significativamente para o Brasil. Mais do que isso, revela a necessidade de desconstruir a lógica centro–periferia que historicamente marginalizou a ciência produzida na Amazônia, muitas vezes vista como secundária ou dependente das grandes universidades do sul e sudeste do país. Produzir conhecimento a partir do estado do Amapá significa afirmar uma ciência enraizada em contextos locais, capaz de dialogar com saberes e fazeres tradicionais, enfrentar desigualdades regionais e propor soluções para os desafios socioambientais e culturais próprios da região amazônica. Assim, esse reconhecimento não apenas valoriza o esforço individual e coletivo dos pesquisadores e pesquisadoras amazônidas, mas também reforça a urgência de um olhar decolonial que reconheça a pluralidade epistêmica e a relevância da produção científica fora dos centros hegemônicos.

 8.     Quais foram os principais desafios enfrentados ao longo da sua caminhada até essa conquista?

Enfrentei desafios relacionados à infraestrutura, à distância dos grandes centros acadêmicos e à valorização das pesquisas vinculadas às comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas e tradicionais amazônicas. Historicamente, fazer ciência no Norte do Brasil, sempre foi desafiador devido à escassez de recursos financeiros, infraestrutura limitada e problemas logísticos que tornam a pesquisa científica ainda mais complexa.

9.      Há pessoas, instituições ou experiências que você considera fundamentais para essa conquista?

Destaco, em primeiro lugar, minha família (esposa Elizama e filha Elyssa), que tem sido meu principal alicerce e apoio para continuar caminhando e enfrentando os desafios da trajetória acadêmica. Reconheço, igualmente, a relevância da Faculdades EST, da  Universidade do Estado do Amapá (UEAP), da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), dos colaboradores dos grupos de pesquisa dos quais faço parte — Grupo de Estudos e Pesquisas em Etnomatemática, Cultura e Relações Étnico-Raciais e Grupo de Pesquisa Educação, Interculturalidade e Relações Étnico-Raciais —, bem como das comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas e tradicionais da Amazônia Amapaense, que inspiram, orientam e fortalecem minha produção acadêmica.

10.  De que forma pretende usar essa visibilidade para continuar contribuindo com a educação e a cultura no Brasil?

Pretendo ampliar parcerias, fortalecer projetos de pesquisa, extensão e contribuir para políticas públicas antirracistas e inclusivas, levando a produção científica da Amazônia a instâncias nacionais e internacionais.

 11.  Que mensagem você deixa para os e as atuais estudantes da EST?

Que mantenham persistência, coragem e compromisso ético em sua formação, utilizando o conhecimento como instrumento de transformação social. Mas é importante que essa formação também seja atravessada por uma perspectiva crítica e decolonial, capaz de questionar estruturas de poder que historicamente silenciaram vozes, saberes e fazeres marginalizados. Estudar na EST deve significar não apenas o aprofundamento teológico e acadêmico, mas também a abertura ao diálogo com a diversidade de experiências, culturas e espiritualidades que compõem a realidade brasileira e latino-americana. Aos estudantes e às estudantes, deixo a mensagem de que a verdadeira relevância do conhecimento se revela quando ele rompe com visões eurocêntricas e excludentes, e se coloca a serviço da justiça, da equidade e da construção de uma sociedade mais plural, inclusiva e antirracista.

12.  Quais são seus próximos passos ou projetos? 

Pretendo avançar em pesquisas voltadas à Educação Escolar Quilombola, Educação para as Relações Étnico-raciais e, Etnomatemática em Contexto Amazônico, consolidando redes acadêmicas nacionais e internacionais em diálogo com a realidade amapaense e buscando recursos de fomento para garantir a continuidade dos projetos.