Realizado em São Paulo, atividade reuniu participantes de Brasil, Cuba, Peru e Venezuela e reforçou ações concretas pela justiça socioambiental e pelo Bem Viver coletivo
Após duas semanas de vivências espirituais, escuta sensível e intercâmbio entre diferentes tradições religiosas e saberes ancestrais, os cursistas do Curso Latino-Americano de Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso de 2025 encerraram a formação com a elaboração de uma Carta Compromisso pública, que reafirma a urgência do diálogo inter-religioso como prática política, ética e ecológica.
Realizado em São Paulo entre os dias 1º e 15 de julho, o curso foi promovido pelo Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e Educação Popular (CESEEP), em parceria com o Centro Memorial Dr. Martin Luther King Jr. e o Programa de Gênero e Religião das Faculdades EST. A proposta formativa, intitulada Ecojustiça e Diálogo Interfé: Caminhos de Espiritualidade e Lutas pelo Bem Viver, reuniu mulheres e homens de diversas idades e contextos sociais de quatro países latino-americanos: Brasil, Cuba, Peru e Venezuela.
Mais do que encontros teóricos, a programação se destacou por experiências práticas e imersivas, como visitas ao Recifran, Chá do Padre, aos templos budistas Odsal Ling e Zu Lai, ao ashram hindu Nova Gokula e à Vigília Inter-Religiosa no Centro Magis. O grupo também contou com assessorias de nomes reconhecidos como Ivone Gebara, Monja Waho Degenszajn, Angélica Tostes, Sri Krishna Murti Das e Loyet García.
A carta, assinada coletivamente ao final do curso, propõe compromissos que vão além das boas intenções e se inscrevem no campo da ação concreta. Os eixos principais incluem a defesa da vida em todas as suas formas, o reconhecimento da interdependência entre espiritualidade e justiça social, a valorização das tradições religiosas ancestrais e a denúncia de estruturas de morte, como o patriarcado, o racismo ambiental e o imperialismo.
O texto menciona explicitamente os impactos de guerras, bloqueios e políticas de exclusão em países como Palestina, Iêmen, Irã, Sudão, Cuba, Venezuela, Colômbia e Brasil, alertando para a necessidade de políticas públicas mais efetivas e democráticas. Também propõe ações de sustentabilidade nos territórios e aponta a valorização de agentes da saúde ecológica urbana.
“Essa carta é um pacto ético-político-espiritual, mas também um lembrete: a fé se manifesta na luta por manter a vida viva. E essa fé é coletiva”, afirma um dos trechos do documento, redigido em português e espanhol como símbolo da diversidade linguística e cultural do grupo. Ao término do curso, as pessoas participantes deixaram São Paulo comprometidas com o enraizamento local dessas práticas. Para a organização, a formação não se limita ao tempo do encontro.